domingo, 23 de setembro de 2012

Marina Silva adia planos para novo partido e preocupa aliados

Gustavo Uribe, O Globo

SÃO PAULO - Com um capital eleitoral de 20 milhões de votos, conquistados na eleição presidencial de 2010, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva pretende deixar para 2013 a discussão sobre a criação de um novo partido, o que tem causado preocupação entre seus aliados. Em conversas com parlamentares, ela, que deixou o PV no ano passado, disse que vai aguardar o fim destas eleições para avaliar melhor a questão. Essa demora tem levado aliados a temer o risco de a legenda não ser criada a tempo de concorrer em 2014.

Nas últimas semanas, deputados e senadores de PV, PT, PDT, PSOL, PSDB e PPS procuraram aliados de Marina para ajudar na fundação da sigla. Para concorrer, o novo partido precisa reunir, no mínimo, 482 mil assinaturas de apoio e ter seu pedido deferido pela Justiça Eleitoral até outubro de 2013. O PSD, criado pelo prefeito Gilberto Kassab, levou oito meses para cumprir os requisitos exigidos pela legislação eleitoral.

No ano passado, uma ala do PPS ofereceu a Marina a estrutura do partido para lançá-la à sucessão presidencial. Ela tem dito, porém, que só voltará à vida partidária se for numa sigla nova.

— Ainda não está clara a natureza desse partido e ainda não está clara a disposição da Marina Silva em criá-lo. Essa discussão vai se colocar depois das eleições municipais, porque, antes, está todo mundo focado no processo eleitoral — disse o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ).

Se não for possível criar a tempo uma nova legenda, aliados de Marina admitem duas alternativas: o Partido Ecológico Nacional (PEN), fundado este ano, e o Partido do Meio Ambiente (PMA), que já recolhe assinaturas. O presidente nacional do PMA, Jurandir Silvério, diz que a sigla já reuniu 128 mil assinaturas certificadas e espera conseguir as 354 mil restantes até abril. O dirigente da futura legenda relata que membros da sigla tem conversado com aliados de Marina e diz que a estrutura do partido está à disposição, caso ela queira disputar a sucessão presidencial em 2014.

— Há integrantes do nosso partido que têm conversado com aliados da ex-ministra e já fizeram o convite. O partido não só teria a Marina Silva como candidata, como modificaria a estrutura dos nossos diretórios para agregar os seus aliados. Cederíamos espaços na hierarquia da sigla — disse Silvério.

Há um mês, em encontro com os deputados federais Alessandro Molon (PT-RJ) e José Antônio Reguffe (PDT-DF), Marina disse que gostaria de contar com os parlamentares em sua nova empreitada. Na conversa, afirmou que a nova sigla, que poderia ser lançada em 2013, seria proveniente do movimento suprapartidário lançado por ela em 2011. Ela já conversou também com a vereadora Heloísa Helena (PSOL-AL) e o deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP).

Ao GLOBO, Marina afirmou que, neste momento, pretende discutir apenas o seu movimento suprapartidário e reconheceu que há pessoas, que integram a iniciativa, defensoras da criação de uma nova legenda.

— É precipitado pensar em fazer um partido político com a lógica puramente eleitoral. Estou discutindo um movimento suprapartidário. O movimento é democrático. Uma parte, se quiser fazer o partido, pode fazê-lo, mas não será o movimento — disse Marina

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